Meu filho, você não merece nada!!!
Ao conviver com os bem mais jovens, com
aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para
virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e,
ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das
habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada
porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque
despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas,
despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo
isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o
patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor. - Há uma
geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras
línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma
geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a
ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o
mundo reconhecesse a sua genialidade. - Tenho me deparado com jovens que
esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe
seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar
que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque
obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e
boa parte se emburra e desiste. - Como esses estreantes na vida adulta foram
crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de
relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no
mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou
aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles
uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes. - Por que boa
parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante
para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem
sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho
testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam
“felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los
de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem
reciprocidade. - É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se
tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso
pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os
filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do
viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo
movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites
tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais? - Nossa
classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no
dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma
ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o
carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada
e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de
seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que
ainda precisam assegurar seu lugar no país. - Da mesma forma que supostamente
seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos
fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda
vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição
ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela
crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí
esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”. - Basta andar por
esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao
descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que
logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque
possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para
lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar
limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que
quer. - A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e
estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a
conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum
chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer
– este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se
explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E
mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da
confusão. - Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí:
se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os
pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem
sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado?
Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer
duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da
falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da
completude. - Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está
disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer
equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e
cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o
manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar
de verdade para ninguém dentro de casa. - Se os filhos têm o direito de ser
felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito
– que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer
um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora
dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir. - Aos
filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez
mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis
de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a
felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na
própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem
se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e
os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso
criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando. - O resultado disso é
pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se
desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito
nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir
que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o
atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que
paralisa. - Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com
suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que
precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a
narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você
vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se
tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado
de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de
responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente
grande. - Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante
quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em
quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é
tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com
dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou
tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode
significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o
trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim
quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil
equilíbrio doméstico possa ser dito. - Agora, se os pais mentiram que a
felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir,
paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai
ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é
ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para
descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque
eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou
transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência. - Crescer é
compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente.
Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque
um dia ela acaba. – (ELIANE BRUM - Jornalista, escritora e
documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de
reportagem. É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e
Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti
2007) e O Olho da Rua (Globo).
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ELIANK QUEIROZ! - EXPERT EM APPLE,...iPAD,...iPOD!!!
Fiquei procurando durante 6
)seis) meses alguém que entendesse de colocar meu tablet “iPAD” para funcionar,
e nada,...nem os japoneses da K-Yano, que são os melhores do ramo deram jeito.
– Então Mike Yano, filho do Rogério, me falou que o cara que entende de iPAD, e
Apple em Santarém, não era japonês não,...era o ELIANK QUEIROZ,... filho do
Edson Queiroz, nosso fotógrafo mor de Santarém. – Pois é, o rapaz, que não tem
olho puxado,... entende tudo, quando o assunto é IPAD, IPOD, e programas da
APPLE. – Colocou meu iPAD funcionando com tudo que tinha direito, e ainda me
passou boa parte das músicas que já tinha na memória do seu. – E de quebra
ainda colocou uns joguinhos muito loucos, para distrair o tio. – Como nossa
geração teve que aprender computação na marra, ficamos com “inveja” ao ver a
facilidade que essa meninada tem de mexer com programas de computador. – Eliank
é excelente fotógrafo, e junto com seu pai, registra tudo que acontece em nossa
Pérola do Tapajós, sendo que desde pequeno, mexe com as máquinas, hoje
eletrônicas, e seus complicados programas de fotoshop e outros mais. – Parabéns
meu jovem, os tios sempre que precisarem de ajuda,...já sabem onde procurar!!!
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