O PASSEIO !!! – Contos de Santarém - 67
Quase todo sábado a tarde,
juntamos a turma dos Harleyros, com o pretexto de ir comer um sanduba em Alter,
colocamos as motos na estrada. Combinamos encontrar no posto da Borges Leal as
16h, e todos foram chegando, por ultimo sempre Rubão, que para acordar e sair
de casa, é um parto. Sempre diz: - Estou chegando, isso quer dizer, uma meia
hora estou aí. Pois é, quando todos finalmente chegaram, paramentados, jaquetas
e coletes nos trinques, motos abastecidas, saímos! - Ney, Rubens, Wilker,
Fabricio, Ilvan, e eu, e colocamos as crianças na estrada, Alter na proa!. O
clima estava ótimo, a estrada sem movimento, enfim, perfeito para os 30 km até
o paraíso. Colocamos Ney de Capitão do trem, e fomos embora, eu atrás dele, de
vez em quando, dando uma empurrada para ele acelerar um pouco mais, porque se
deixar, ele vai a 50km, admirando a paisagem! – Lá chegando, paramos primeiro
no Pedro, na praça, para tomar um refrigerante, e olhar o movimento, chamando
bastante a atenção, as seis Harleys enfileiradas, com alguns banhistas pedindo
para tirar fotos com as motos. E quando o biquíni era ótimo, até aceitávamos
tirar a foto juntos. – Meia hora depois, dalí fomos para o Lindo, comer o
melhor sanduba que alguém pode querer. - As 19h, barriga cheia, muita conversa jogada
fora, gozações pra todo lado, já de noitinha, chuviscando, pegamos a estrada de
volta. – Como o pessoal não tem muita experiência ainda com as motos grandes, a
maioria recentes nas Harleys, fui sorteado para voltar na frente. Saímos já no
escuro e na toada de 90/100km retornamos. – Apesar do chuvisco perturbando a
volta, tudo estava bem, até as duas lombadas em descida perto de São Braz. – Vi
100m a minha frente um ônibus descendo a lombada, e desaparecendo nela. Diminui
a marcha, para deixar o ônibus descer na minha frente as duas lombadas, e no
final da curva lá embaixo, passaríamos ele. Quando cheguei em cima da lombada
para desce-la, a uns 80km/h, de repente, vejo a 50m a minha frente, o ônibus
parado no meio da estrada. Freiei a traseira, e apertei a dianteira também, a
moto escorregou no asfalto molhado, e vi a frente do ônibus crescer rápido na
minha frente. Lembrei-me, que sempre alertam para não bater de frente, que é
hemorragia na certa, e a traseira do ônibus crescendo rápido na minha frente, e
a moto derrapando no chão molhado. Como
a minha Harley, uma Electra, pesa meia tonelada, mais os meus 95kg, são quase
600kg, e para freiar isso tudo mesmo no chão seco, leva tempo. Pois é, a
traseira do ônibus nunca mem pareceu tão grande, e estava chegando rápido, ... muito
rápido!. – Em fração de segundos pensei, para a esquerda não dá para ir, posso
bater de frente com outro carro que vem em sentido contrario na outra mão. O
negócio é ir para a direita, e sem mais delongas, joguei a moto para o pequeno
acostamento com capim, pulando fora dela, virando-me para a esquerda para cair
de frente, tentando ficar o mais longe possível quando ela caísse no chão. –
Como a criança tem dois mata-cachorros, deitou-se neles, e foi escorregando
pela beira do asfalto até parar na terra. Eu, caí amparando-me nas duas mãos,
rasgando no tombo a calça jeans, e o sapato de couro, ralando-me todo. – O
pessoal atrás de mim, cada um a 20m um do outro, vendo a minha queda, tiveram
tempo de freiar e desviar. Ney colocou a moto dele na frente do ônibus para que
ele não saísse, e muito puto, xingando o motorista de tudo quanto era nome,
dando murros no vidro, mandava que ele abrisse a porta. O maluco vendo que a
coisa estava feia, pela “cagada “ que fizera, trancou a porta, e ficou alí com
cara de bunda. – Como é que pode um maluco, de noite, chovendo, parar um ônibus
no meio da estrada, abaixo de uma lombada. Imagina se vem um caminhão, ou mesmo
outro ônibus atrás, mata no mínimo uns 10.
Realmente, coisa de doido varrido, preguiça mental!. E o Ney e o resto
da turma, tentando abrir as portas, para dar porrada no motorista, e ele
agarrado no volante, travado, olhando o vazio. Enfim, estava um circo! – Rubão
e Ilvan me ajudaram a levantar, fui até o motorista, e perguntei-lhe pela
fresta da janela, se estava doido, que aquilo que fizera era loucura, que
matasse a filha da puta da mulher dele com sua irresponsabilidade, mas não
pessoas inocentes. - Enfim, chamei o pessoal, mandei que ele saísse dalí antes
que outro acidente ocorresse, e deixei que fosse embora. - Não passava de um
irresponsável, um pobre maluco, guiando um ônibus, infelizmente. – O ônibus
era da empresa “Eixo Forte”! - Alerto para que escolham melhor seus
motroristas antes que matem alguem! – Pensei em processa-los com uma boa
indenizatória para que aprendessem a ter mais cuidado, mas o dono não tem como
saber o que fazem, ou decidem fazer seus motoristas, no dia a dia,
infelizmente. Mas mesmo assim é responsável pelos atos deles! – Enfim ! - Colocamos
minha Harley de pé, nenhum arranhão nela, graças aos mata-cachorros, só eu
esfolado, arranhado, calça rasgada, e sapato inutilizado. Liguei-a, pegou de
primeira, e continuamos nosso retorno para Santarém, todos vivos, graças a
Deus!. – A vida é assim, em segundos, tudo acontece. - Devemos sempre, tomar
cuidado com o inesperado, e com os outros, porque de idiotas, imbecis, e
irresponsáveis, ... o mundo está cheio!!! – Então, todo sábado, continuamos a
ir comer nosso sanduiche em Alter de Chão com as bênçãos e a proteção de minha
Santa Mãe, e meu Deus. – Amém!!!.
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