quarta-feira, 20 de junho de 2012

News - Atualidades, 29/07/05


O GARIMPEIRO – Contos de Santarém 33

Ele tinha faro para ouro, sempre encontrava o metal dourado, era como se fossem amantes em um antigo caso de amor, um sempre encontrava o outro. – Porém..., há algum tempo, a sorte já não lhe sorria deixando-o com muitas dívidas, e problemas com sua equipe. – Precisava urgentemente achar uma saída. Contou-nos sua história e preocupações, era um velho cliente, de dezenas de anos, que já nos tinha dado muito lucro, e agora precisa de crédito e mantimentos para se embrenhar por alguns meses em uma nova área que havia descoberto, pelos lados de Marabá. – O velho, quando a batata lhe assava nas mãos, jogava em meu colo, e assim foi mais uma vez, quem deveria decidir se dava o crédito ao velho garimpeiro seria eu. – E pensando na “chama” que o mesmo tinha com o ouro, e lembrando que já nos dera muito retorno, investi no homem, dei-lhe o crédito que necessitava, mas já sabendo de antemão que a responsabilidade era toda minha. – Se desse certo, ganhavamos, se desse errado, eu ia ouvir conversa por um bom tempo, o velho comerciante nas duas, saía ganhando sempre. – Eu ainda ia aprender a ganhar uma dele, era questão de tempo. Enchemos o caminhão de mantimentos, e lá se foi o velho garimpeiro, acompanhado de toda minha reza. Passaram-se seis meses, quando estoura nos jornais de todo o País, que havia sido encontrado em Marabá, o maior veio de ouro que já se tivera notícia no mundo, e na primeira entrevista em cadeia nacional, lá estava o velho garimpeiro, dono da maior jazida de Marabá. Encontrara Será Pelada, como sempre o ouro o achara novamente, para minha felicidade, pois escapara da falação do velho nos meus ouvidos. – Quando o velho garimpeiro voltou para Santarém, chegou em avião próprio, cercado de belas mulheres, com todo mundo a bajulá-lo. Na tardinha chegou em nosso armazém, abraçou-nos, disse que fôramos os únicos que havíamos confiado nele, abriu uma bolsa Sansonite repleta de pedras douradas, e mandou que retirássemos o que quiséssemos. – Peguei uma pedra, o Velho pegou outra, e disse a ele que guardasse a maleta ao que o mesmo riu dizendo: - Tem muitas mais de onde veio essa. - Essa é de vocês, como pagamento pela amizade e confiança que depositaram em mim. – O velho mandou que guardasse a maleta no cofre dizendo a ele que se precisasse estaria lá. – E nosso amigo foi para o Mascote, mandou fechar o restaurante, chamou todas as jovens “dadivosas” de plantão na Mariazinha e cercanias, e fez uma festa de arromba, distribuindo dinheiro para todo mundo. - Lá pela meia noite, o “Camarão”, o querido garçom da casa disse que tinha que ir embora, pois os ônibus não circulavam depois. – O Garimpeiro chamou um chofer de praça, que estava com um reluzente fusquinha, perguntou-lhe o preço do carro, ofereceu-lhe 20% a mais, pegou a chave e deu para o Camarão, dizendo-lhe: - Agora você não precisa mais de ônibus, ao que Camarão em sua simplória lhe disse que não sabia guiar. Foi uma gargalhada geral, tendo uma das “irmãzinhas” presentes dito que sabia, e levava Camarão para casa  quando fosse. A bebida e todo o estoque de champanha do Mascote se acabaram, com todos no maior porre que Santarém já viu, e olhe que a turma bebia muito. Passados alguns dias, o velho amigo veio comigo, e disse-me que queria comprar um carro que não precisasse mudar a marcha, só “acelerar e brecar”. - Essa história de marcha e cambio, não dava muito certo com ele, pois sempre se esquecia de desembrear, e não havia carro que agüentasse. Disse-lhe que existiam carros assim, e que em Belém a Mesbla tinha alguns. Foi a conta, ligou para o aeroporto, mandou abastecer seu “Bandeirantes executivo”, e lá fomos para a capital em busca de um carro  de “só acelerar e brecar”, sem marcha, um “Landau” negro. – Chegamos a Mesbla, eu em calça social, camisa de manga comprida, sapato preto, ele, bermuda, camisa de manga curta aberta no peito, chinela de couro, bem velha. – Os vendedores quando comecei a olhar um Landau, correram para cima de mim, ele quieto olhando uma camionete, sem ninguém que o atendesse. – Quando se chegaram para me atender, disse logo: - O homem do dinheiro é aquele lá, ele pode comprar a Mesbla inteira, quero que o atendam muito bem – CORRAM. – E todos foram para cima do pequeno maranhense que olhava desconfiado toda aquela gentileza. – Até uísque apareceu quando o homem falou que estava com a boca seca, e queria uma dose. Eram as vendedoras falando que ele era uma gracinha, fofinho, e o homem olhando as duas “feras negras” estacionadas, maravilhado com tanta beleza.- Sentei-me no carro, liguei-o, e expliquei a ele como funcionava, - No “P” era “ponto morto”, para andar, era só colocar no “D”, acelerar devagarzinho que o bicho começava a rodar. Se freasse, não precisava fazer mais nada, parava na hora. – Pronto negócio fechado, comprava um, - Não, queria logo os dois, um para ele, outro para a mulher, que assim, ela nunca ia pegar o dele. Mandou que preparasse os papéis. - Quis sentar na direção com o carro ligado, e saímos eu e o Gerente para cuidar da papelada, pagamento a vista, em dinheiro vivo. Ele sentado, acelerando o carro, e os 200cavalos em baixo do capô, nervosos, faziam o carro todo tremer, quando... ele engatou o “D”... – Foi quando o mundo se acabou.... – A manada de 200cavalos embaixo do capô levantou a frente do Landau negro que, com as rodas esterçadas, saiu derrapando os pneus virando-se para o lado da vitrine de carros usados mirando-os bem no centro, ele como que hipnotizado, segurava o volante com o pé atolado no acelerador, com os vendedores correndo da frente do carro que levava moveis, cadeiras vasos, em reta rumo aos carros usados 20 m à frente. – O impacto foi tremendo, passou pela vidraça, e bateu de frente na lateral do primeiro carro, amontoando-os, um em cima do outro até encostarem-se à parede oposta com o Landau fritando pneu no chão como trator juntando terra, ele ainda com o pé atolado no acelerador. – A Mesbla havia virado um pandemônio, como se uma guerra houvesse passado por ali. – Não havia nada inteiro no salão por onde o simpático maranhense passara. - As vendedoras com os olhos esbugalhados, sem entender nada, o Gerente só faltando se suicidar de tanto que berrava, e o maranhense saindo calmamente do carro, olha para mim e diz: - Agora já sei como é que se controla esse animal, me dá o outro que quero guiar. - A primeira coisa que fiz, foi rir, a segunda foi dizer ao gerente que não precisava se preocupar, ele pagava todo o estrago, quando me ouvindo, mandou que seu guarda costas trouxesse a pasta Sansonite, a abrisse, e desse para o gerente, que quando viu a mala até a boca de dinheiro, entendeu que, não precisava se preocupar. - Resumindo: quando quis sair no outro carro, disse-lhe que eu não ia de jeito nenhum, que ele precisava primeiro andar em uma rua deserta, com alguém que o ensinasse, mas não adiantou, queria domar o animal. – E lá foi ele com um vendedor dar uma volta em uma pequena rua próxima, enquanto tentavam colocar ordem no caos que se transformara a Mesbla. – Meia hora depois, chega ele e o vendedor a pé, haviam batido em um muro na rua deserta, a 200m à frente, o animal fora mais forte que ele, não o conseguira domar. – Mandou consertar os dois carros, e levou-os para Santarém. - Pagou à vista o prejuízo e os automóveis, e retornamos para casa, ele todo satisfeito, pois encontrara o carro de seus sonhos, não precisava mudar de marcha, era só acelerar e brecar, o problema era domar todos os cavalos embaixo do capô. - Com o tempo ele aprendeu, e a vida voltou à normalidade, se bem que com ele por perto...a vida nunca foi normal. – Bons tempos de Santarém de antigamente, quando os homens de ouro, eram os reis do universo, e não existiam crimes em nossa terra. – Hoje após gastar tudo que tinha em farras e loucuras, ele continua por aí, a procura de uma nova Serra Pelada. – Qualquer dia, apresento-o a vocês!
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